Olhos de ressaca

Será que estudaríamos Dom Casmurro, de Machado de Assis, com tanto fervor se os papéis fossem invertidos?É isso mesmo que estou querendo dizer: se Capitu fosse Bentinho e Bentinho fosse Capitu.
Logo Capitu iria para o convento por causa de uma promessa da mãe, apesar de estar perdidamente apaixonada por seu vizinho Bentinho, com quem já havia trocado juras de amor. No convento ela conhece Sancha, com quem desabafa, e as duas se tornam grandes amigas. Decidem sair do convento já que aquele definitivamente não é o caminho delas.
Capitu era muito bonita, mas Sancha além da beleza tinha um quê misterioso que instigava a curiosidade dos homens. Capitu casa-se com Bentinho, no casamento Sancha conhece Escobar, amigo de Bentinho, e meses depois também estão casados.
As visitas entre os casais era constante. No ano seguinte, Sancha engravida. O parto é cheio de complicações e a moça acaba morrendo. Bentinho sofre muito com a morte de Sancha, muito mais do que Escobar. O que deixa uma pulguinha atrás da orelha de Capitu. Bentinho é escolhido como padrinho da criança, e visita-a todos os dias, o que incomoda Capitu. Antes da criança completar dois anos, Escobar morre num acidente e a guarda da criança fica com Bentinho.
Bentinho dedicava-se a criança, e o ensinou a chamá-lo de pai. Foi aí que as brigas entre o casal começaram. Além disso, a cada dia a criança se tornava mais parecida com Bentinho. A dúvida e a desconfiança crescia cada vez mais dentro de Capitu, até que um dia ela foi até uma mesinha, onde havia uma garrafa de uísque, pegou-a, e virou toda em sua boca, até que não restasse uma gota. No instante em que bebia, sentiu um misto de medo e prazer, mas minutos depois ela só sentia prazer; prazer de não se lembrar das dúvidas e desconfiança. Dormiu. E nos outros dias, já que esse hábito se tornou constante, ao se olhar no espelho só via seus olhos de ressaca.